quinta-feira, 11 de julho de 2013

A psicólogos.

"O sobredotado cedeu, de seu lado, por compaixão. A estima que ele tem para com a psicóloga o fez evitar colocá-la em grande dificuldade profissional. Ele a respeita e respeita suas competências. O que a salva... a ela!"
Frequentemente ele antecipa suas questões, suas interpretações, e o psicólogo pego na cilada será confrontado num ilusório sentimento de competência. 
A revolução é essencialmente vinda das neurociências.
Muitos psicólogos são procedentes da psicopatologia psicanalítica clássica, sem nenhuma ligação com as características de personalidade do sobredotado.


David. Há algumas vezes que ele vem me ver. Ele deve ter dificuldade de achar uma vida que lhe convém. Ele abandona, e cada vez que ele visa um novo projeto, sua análise extralúcida o faz perceber as falhas e os limites. Então ele procura outra coisa. Um dia, em curso de sessão, ele me diz: < Como pode você me compreender já que você não é sobredotado? Você terá seus limites. Você pode compreender alguma teoria, mas não o que eu vejo. > Ufa, é preciso entendê-lo mesmo! E integrá-lo no avanço terapêutico. Senão é ruim, e é o paciente que perde. 


Como é humanamente possível recusar injustamente em aceitar toda uma população marginal sobre pretextos ideológicos ultrapassados? Com qual finalidade? Como não respeitar todas essas pessoas em sofrimento, mas também todos estes pais desamparados que procuram ajuda para acompanhar seus filhos?
Como é possível ignorar que a inteligência excessiva é forçosamente ansiogênica e que ela gera uma sensibilidade, uma lucidez, uma maneira de ser no mundo que marca o conjunto da personalidade?
Então talvez é preciso esperar que as mentalidades evoluam, que as neurociências acelerem mais seus prodigiosos avanços, que certos clínicos atualizem seus conhecimentos para que, enfim, os sobredotados sejam compreendidos e ajudados nas suas fragilidades que lhes são específicas.
Eles mesmos percebem, sem saber o nomear, os outros sentem, mas o atribuem espontaneamente a um traço de caráter, a uma originalidade, à personalidade <marginal>, , ou muito sensível de seu amigo... O adulto se acha assim pego, e este desde sempre, num sistema de espelhos que refletem imagens de si mesmo multiformes e frequentemente deformadas. 
“Eu não saberia dizer qual foi meu alívio de me saber normal, eu que sempre vivi como deslocada, inadaptada. Eu pude enfim colocar as palavras sobre meus males, e, se eu não sou livre, eu me sinto liberada.” 

(Na verdade, eu o considero mais adaptado que os outros, diz a autora.)



Do cérebro dos sobredotados:
Os primeiros malentendidos: não compreender os implícitos, não decodificar o sentido das palavras. 
Dependência em relação ao campo. Estilo cognitivo diferente.
Sempre dependente do contexto afetivo. Ele não sabe, não pode funcionar sem levar em conta a dimensão e a carga emocional presentes.
Do muito pensar à impulsividade. Uma particularidade de funcionamento . 
A resposta intuitiva: não poder aceder aos procedimentos. Vias ultrarápidas e por si mesmas imperceptíveis à consciência. 
Hiperestesia ou a percepção intensiva de todos os sentidos. A sinestesia, uma surpreendente competência sensorial.
A empatia que capta as emoções dos outros. 
Pensamento linear e pensamento em arborescência (este último, o dos sobredotados.)

O déficit de inibição latente.


Na realidade, eu acho que, finalmente, a contribuição das neurociências tranquiliza, mas não traz senão reais revelações: os clínicos sabem desde muito tempo reconhecer a singularidade do pensamento e da afetividade dos sobredotados. Os pais também os vêem bem. Os professores, mesmo os mais reticentes, acabam, por sua vez, reconhecer que estes alunos não reagem jamais como os outros: nem na sua modalidade de aprendizagem, nem no seu comportamento, nem nas suas relações com os outros, nem nas suas reações afetivas.
Em breve, hoje, a ciência prova o que as pessoas que seguem os sobredotados compreenderam há muito tempo.
Em todo caso, o que verdadeiramente está em jogo se resume na questão seguinte: e agora, So what? Diriam os Anglo-Saxões.
(S. Facchin)