sexta-feira, 25 de abril de 2014

particularidades dos sobredotados inacessíveis à compreensão por normas clássicas

A sensibilidade a serviço da criatividade, a empatia a serviço dos outros, as emoções a serviço da sensação de viver
Quando o jovem sobredotado chega a não sufocar sua sensibilidade, sua receptividade aos outros e sua vivência emocional, estas particularidades de seu funcionamento vão fazer uma personalidade extremamente simpática, carismática, calorosa e apreciada. As emoções, quando elas são integradas naturalmente ao funcionamento, estão na fonte de uma grande força de personalidade e de sua influência radiante. A aposta do sobredotado é de evoluir num ambiente que não vexe sua expressão emocional, que integra esta reação emocional como uma força de vida.

viagem no cérebro.

Viagem no cérebro dos sobredotados... onde se descobre a explicação de suas particularidades de viver e de pensar 
Por este pequeno desvio do lado do cérebro, nós podemos aproximar com um olhar científico os componentes centrais do funcionamento do sobredotado, sobre o duplo plano afetivo e cognitivo. É fascinante, eu o reconheço, ter esta possibilidade de ‘ver em verdade’ os processos invisíveis, é sobretudo prodigioso poder provar que existe singularidades de funcionamento. 

não entrada na consciência - sinestesia.

... Primeiro e ainda na escola, mas também todo ao longo de sua vida. O que é mais frustante, é que o sobredotado é de uma imensa boa fé. A ele não mais sabe como ele sabe nem porquê. Isto funciona em despeito de sua entrada de consciência. Mesmo com uma boa vontade arisca, ele não conseguiria.
 “Quando eu tenho um problema, eu vejo o começo, eu vejo o fim, mas no meio eu não sei o que há.”
 É como o que explica Adrien. Claramente. Todos os sobredotados tem esta dificuldade. Dificuldade paradoxal que reduz por sua estrutura mesma o funcionamento de toda sua riqueza intrínseca.
Sobre um plano neuropsicológico, esta singularidade se explica pela ativação de conexões neuronais que emprestam vias ultrarápidas e por mesmas imperceptíveis à consciência. A intuição fulgurante surge da colocação em ação dessas redes de neurônios carregadas de informações. As imagens cerebrais mostram esta ativação cerebral soterrada que se alimenta de conhecimentos anteriores e da capacidade de criar conexões inéditas. A inteligência intuitiva é a resultante absoluta com suas armadilhas e seus imensos recursos.
Querer se exprimir enquanto que as palavras passam tão rápido na cabeça pode criar sérios problemas de comunicação e verdadeiras dificuldades de relacionamento. Quando não se chega a exprimir precisamente e claramente o que se deseja dizer, que se embaralha e que tudo torna-se confuso, corre-se o risco de não ser compreendido ou compreendido de lado, o que é frequentemente pior. As palavras vem tão dificilmente para traduzir o que se sente.
Então, geralmente, o sobredotado se cala. Não falar pois não se sabe como dizer. E às vezes, quando se fala, ferir bem involuntariamente. Não era a boa palavra, não aquela que seria necessária...
Perder-se no seu pensamento conduz frequentemente o sobredotado a passar por desvios para cercar uma idéia. É por vezes a única solução para tentar clarear suas palavras.

A grande susceptibilidade, encontrada em todos os perfis de sobredotados, é uma das conseqüências do processo neuropsicológico de sensibilidade emocional exacerbada.
A SINESTESIA, UMA SURPREENDENTE COMPETÊNCIA SENSORIAL
A sinestesia é definida como uma associação involuntária de vários sentidos, o que que dizer que a estimulação de um sentido é percebida simultaneamente por um outro sentido, sem que este tenha sido estimulado especificamente. É um cruzamento de sentidos com superposição perceptiva. 
 A sinestesia é constante e involuntária. Não se pode decidir interrompê-la. 
Compreende-se quanto a sinestesia contribui para a receptividade sensorial fora do comum dos sobredotados e para a intensidade da percepção emocional.

nem inteiramente parecidos

Mas também sob o ângulo mais específico das particularidades do funcionamento dos sobredotados que vão adquirir um relevo, uma presença, singularidades à idade adulta. Estas singularidades, já presentes na infância. O intricamento, compreende-se, é estreito entre o percurso da criança sobredotada que se foi, e o adulto que se torna.
Pode-se encontrar nas linhas que seguem dos modos de funcionamento que se encontram em outros perfis de personalidade. É verdade. Mas o que é específico no sobredotado, como sempre, é a intensidade de cada uma dessas expressões de si. E o sofrimento que aí pode ser associado. A frequência da aparição destas características de personalidade permite identificar este grupo, distinto entre os outros, que compõem os adultos sobredotados. Nem inteiramente parecidos nem completamente diferentes...
(Facchin)

o livro

Este livro veio perseguir minha reflexão e minha aproximação na compreensão do funcionamento dos sobredotados, de suas particularidades, de sua riqueza e de sua vulnerabilidade. Mas também prosseguir no tempo. Depois da infância, depois dessa reviravolta do momento da adolescência, vem a idade adulta. E o quê, precisamente? O que se tornam essas crianças atípicas?
Como vive, adulto, esta personalidade tão singular? O que se pode fazer dessa inteligência aguçada cujos efeitos podem ser tão dolorosos, como administrar esta sensibilidade que se procura muito frequentemente sufocar, como chegar a construir uma vida que nos assemelha e na qual se sente bem? Isto é somente possível? E, se sim, como ou a qual preço? Com esta questão lancinante e central: pode-se, sim ou não, ser um adulto sobredotado feliz? (Facchin)