quinta-feira, 15 de maio de 2014

quase-invisibilidade / impotência aprendida

Ficou constatada a quase-invisibilidade destes alunos na sala de aula, dentro de suas próprias famílias e, inclusive, para eles próprios. Existem fatores que impedem seu reconhecimento e atendimento na sala de aula e outros ambientes sociais ou laborais. Um desses fatores é o desconhecimento e a falta de valorização (ou a supervalorização) das características e comportamentos destas pessoas, o que significa a negação de suas necessidades enquanto sujeitos aprendentes, que juntamente com os mitos populares existentes numa sociedade que procura a 'normalidade' e a regra, mitos de igualdade impostos, geram inaceitação que se refletem em todo o ambiente no qual a pessoa sobredotada vive.
Quando é reconhecida, pode gerar medo, ódio, inveja ou supervalorização, por manter-se a ideia que, por ser SD, não precisa de atenção.
Em ambientes socioeconômicos e culturalmente desfavorecidos, encontra-se ainda o que Guenter (2006) denomina de Impotência Aprendida, que faz com que as SD se sintam incapazes de dar respostas adequadas às demandas das estruturas de poder porque o que elas produzem, pensam ou dizem, mesmo quando são produtos ou ideias dignos de destaque, não são reconhecidos como indicadores de uma capacidade superior, mas considerados como uma exceção ou atribuídos à sorte, ao acaso, a alguma ajuda humana ou supra-humana.
O mesmo acontece nos ambientes laborais, nos quais a pessoa sobredotada geralmente desenvolve tarefas ou atividades rotineiras, que estão aquém a sua capacidade de desempenho.
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Desafios no ambiente de trabalho 

Por sua inteligência excepcional, seja em qual área for, essas pessoas podem vir a ter problemas no ambiente de trabalho, dependendo de como a empresa percebe esta alta habilidade.

"Conheci um adulto que era superdotado e, para não ser mal visto pelos colegas, quando a empresa tinha um problema, ele escrevia um bilhete para o chefe com a solução. O chefe não se sentia mal e ele não ficava indisposto com os colegas. Muitas pessoas ficam com inveja por não conseguir fazer o que ele (superdotado) faz", afirma Suzana.

O problema no ambiente de trabalho pode se agravar se o próprio chefe se sente ameaçado por esta pessoa. "O que eles se queixam é que os chefes não permitem que eles vão além. O trabalho é muito rotineiro e pode ser desmotivador. Ele acaba trocando de local". 

Autosabotamento.
(Repositório PUC)
Ser uma mulher sobredotada, você sabe, não é tão fácil...

Ser uma mulher sobredotada comporta certas particularidades. Na trajetória inicialmente. Sabe-se que as pequenas meninas mostram na infância maiores capacidades de adaptação que os meninos. Elas aceitam mais facilmente as “regras do jogo”, em particular escolares, e chegam a aí se conformar. Mas esta adaptação é custosa em energia. É uma estratégia de adaptação. Não é um mecanismo natural. Sua diferença é, para elas também, às vezes complicada em viver e a assumir. Elas se moldam para serem conformes ao que se espera delas.  Mas à qual preço?
Quando a carga é muito pesada e a tensão muito forte, as dificuldades podem surgir brutalmente na adolescência. E, aqui, é mais difícil de ajudá-las pois o sofrimento é antigo e muito cristalizado. Elas não relaxaram nada durante longo tempo. A dor estava contida e se enraizou.


Quando as dificuldades não chamejam na adolescência, a pequena menina sobredotada chega à idade adulta com suas questões sem respostas e sobretudo com o sentimento difuso mas constante de estar sempre deslocada, diferente. Ela pode viver toda sua vida se adaptando, remetendo-se em questão, procurando, nela, as razões de sua inquietação. Mas ela encontra poucas respostas e resta frequentemente numa vida “à margem” daquela que ela amaria tanto viver. E sem compreender. A mulher sobredotada é geralmente sozinha pois sua inteligência singular a isola ainda mais que os homens. Sua sensibilidade extrema a torna difícil de proteger. Então, os homens, os outros, podem ter medo.